Falta capacitação para implantar o IPv6 na região

01/06/2015

Falta capacitação para implantar o IPv6 na região

A implantação do protocolo IPv6 na América Latina e o Caribe está demorada por causa da falta de capacitação dos técnicos da maioria das organizações e empresas da Internet da região, disse o especialista Hans Reyes, coordenador da Rede Nacional Acadêmica do México.

Reyes, um especialista em tecnologia, acredita que esse desconhecimento sobre o IPv6 levou a subestimar o protocolo desenvolvido para substituir o IPv4 e a não levar em conta o valor que realmente tem para o desenvolvimento da Internet

Durante uma entrevista realizada no LACNIC 23 em Lima, Reyes estimou que já é hora de visualizar o IPv6 como uma ferramenta chave para atingir uma melhor desempenho dos aplicativos da Internet. “Já não é mais um assunto de pesquisa. É hora de implantá-lo tanto a nível acadêmico quanto comercial”, afirmou esse proeminente acadêmico mexicano.

Qual você acha é o nível de crescimento do IPv6 nas universidades?

Na atualidade, seu uso está crescendo muito. Muitas pessoas acreditavam que ainda era um assunto de pesquisa, mas a maioria das universidades no México já têm planos de adotar o IPv6 em um prazo relativamente razoável.

Que dificuldades encontraram para implantar o IPv6 na região?

Na América Latina toda, o problema que tivemos é que as pessoas não estão capacitadas para implementar o IPv6. Esse é um dos grandes problemas. Os técnicos têm que ver um valor nele (IPv6) porque hoje todo o protocolo do IPv6 pode ser usado também dentro do IPv4. Portanto, muitas pessoas não veem um valor à sua incorporação, mas sim como uma questão de pesquisa, quando na realidade já é uma necessidade de produção para ter um maior desempenho nos aplicativos. Temos uma penetração muito baixa porque todo mundo está tentando de ver como pode implementá-lo. No México, há várias universidades que já têm esse protocolo em produção.

Um outro problema que tínhamos era o conteúdo, havia muito pouco conteúdo em IPv6, mas hoje os provedores mais importantes (Google, Facebook, Microsoft, entre outros) suportam nas suas redes IPv6, coisas que anteriormente não eram viáveis.

Outra coisa que faltava também era o acesso: eu já tenho IPv6, a rede de conteúdo também, mas o provedor ainda não. Eles estavam numa situação parecida porque não viam qual era o valor agregado de ter o IPv6 para sua infraestrutura. Eles viam isso como um custo extra e não tinham claro o retorno do investimento. Hoje isso mudou e a maioria dos operadores do México já suportam o IPv6.

Acreditamos também que a adoção dos pontos de troca vai acelerar essa adoção porque uma vez conectados ao IPv6 já irão estar conectados às outras redes de conteúdo.

Você acha que é mais fácil implantar o IPv6 a nível acadêmico do que a nível empresarial?

É quase a mesma coisa. A diferença é que as universidades têm uma função nessa parte de difusão e adoção de tecnologias, portanto há pessoas que podem dedicar seu tempo para pesquisar como implementá-lo, enquanto em uma empresa há o temor de que eles peguem uma solução e, depois tenham de mudar para outra. Essa é a maior barreira numa empresa privada.

Uma universidade sim tem uma função que não está precisamente ligada a uma questão comercial, portanto pode investir tempo e recursos na exploração de diferentes opções. Faz parte da função de uma universidade ajudar a implementar essas tecnologias que irão prover serviços à comunidade em geral.

Quais você acha são os motivos pelos que no foi implantado realmente o IPv6 na América Latina?

As principais limitantes foram as redes de conteúdo. Hoje já há conteúdo no IPv6, portanto as empresas e as universidades estão começando a adotá-lo. Uma das funções de LACNIC é ajudar a que todos nós podamos ter acesso aos recursos da Internet como são os endereços. Isso ajudaria a fazer uma implantação mais rápida do IPv6.

Temos que ir com os ISP, os governos, as empresas e as universidades para acelerar essa adoção. Não é apenas uma questão de uma parte do ecossistema da Internet, mas da totalidade.

Por que você encorajaria as pessoas a participarem de um evento de LACNIC?

Em todos esses anos que estou andando pela Internet (20 anos) nessas reuniões sempre encontro os técnicos que estão trabalhando no desenvolvimento da Internet. LACNIC é uma família que nos tem acolhido e apoia na implantação dos recursos e no crescimento de nossas infraestruturas e redes. Existem excelentes fóruns em que as três partes se encontram: a academia, o governo e as instituições privadas que, conjuntamente, dão valor ao que a gente faz.

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