Análise da primeira etapa de LACNIC Caribbean on the move, edição Suriname, 3 e 4 de julho de 2015

29/07/2015

Análise da primeira etapa de LACNIC Caribbean on the move, edição Suriname, 3 e 4 de julho de 2015

Editorial: Kevon Swift

LACNIC Caribbean on the move???

O que aconteceu no evento de LACNIC para o Caribe? Se você participou da reunião de LACNIC realizada em maio deste ano ou tem interagido com o pessoal de LACNIC recentemente, é possível que tenha ouvido falar de Caribbean on the move. Talvez alguns tenham ouvido esta frase de passagem, sem gastar muito tempo pensando sobre o que realmente significa. Todos nós sabemos que entre os eventos de maio e outubro há certas atividades de LACNIC que acontecem em algum país tropical e ensolarado, não é? O que quem sabe a gente desconhece é que a partir desse ano mudou substancialmente a forma em que é organizado e realizado o evento do Caribe.

LACNIC Caribbean on the move é uma reformulação do tradicional evento do Caribe, onde —como o nome sugere— LACNIC se translada de uma comunidade da Internet para outra para conhecer melhor a seus membros e começar com eles um diálogo significativo. Além de sua atividade central de alocação e gestão dos recursos de numeração da Internet, LACNIC sempre tem colaborado de forma ativa com vários atores para garantir a construção de uma Internet aberta, estável e segura ao serviço das sociedades da América Latina e o Caribe. Embora a região do Caribe esteja formada principalmente por ilhas, também inclui alguns territórios continentais que estão em sintonia com os aspectos sociais, culturais e econômicos da vida caribenha e participam nos debates e processos organizados pelos atores da região. Essas comunidades também enfrentam desafios semelhantes na hora do seu desenvolvimento. Um desses desafios são os poucos recursos que as comunidades têm para identificar tendências dentro do ecossistema da Internet, sintetizar informações e participar nos processos regionais tais como o processo de desenvolvimento de políticas (PDP) para o gerenciamento dos recursos de numeração da comunidade de LACNIC. Embora nunca há uma solução rápida e externa para enfrentar esses desafios, o objetivo do LACNIC Caribbean on the move é colaborar com as comunidades da Internet.

Destino: Paramaribo

Nesse contexto foi que decidimos visitar o Suriname, o país independente menor da América do Sul e que, de fato, participa no trabalho das organizações regionais do Caribe tais como a Comunidade do Caribe (CARICOM), a Associação das Organizações Nacionais das Telecomunicações do Caribe (CANTO) e a União das Telecomunicações do Caribe (CTU). Suriname tem uma população de cerca de 600.000 habitantes e uma taxa de penetração da Internet de 37.4%.[1] Somente há quatro membros de LACNIC no Suriname: Telesur, Uniqa, Parbonet e Digicel. Uma vez identificada essa linha de base, pensamos começar no Suriname usando um leque maior de perspectivas e cientes de seu potencial. O Suriname é país de fala holandesa maior do Caribe e tem relação cultural e econômica bem estabelecida com os territórios das antigas Antilhas Holandesas. A ideia de realizar ali a primeira edição de LACNIC Caribbean on the move se fez realidade quando a sócia local chave, a Telecommunicatie Autoriteit Suriname (TAS), informou de um evento que a Associação das TIC do Suriname estava organizando: a Cúpula das TIC de Paramaribo 2015. Nestes últimos três anos, a Cúpula das TIC de Paramaribo é o principal evento anual de tecnologias da informação e da comunicação no Suriname, em que são tratadas questões como a tecnologia móvel, a governança da Internet, a Internet das coisas, a nuvem, os meios sociais e a segurança. Participam palestrantes de destaque de vários países como os Países Baixos, Curaçao, Colômbia, Costa Rica, Trinidad e Tobago e África do Sul. A Cúpula também inclui um espaço comercial em que mais de vinte expositores apresentam os últimos produtos e tendências da indústria das TIC. A dinâmica da Cúpula deste ano merece destaque já que houve um grande número de intercâmbios profissionais espontâneos entre tecnólogos, advogados, professionais dos médios, parlamentares, empresários e estudantes.

Como fizemos isso?

Nosso foco para elaborar o LACNIC Caribbean on the move é muito simples, e consiste em colaborar com as organizações locais interessadas para depois elaborar baseados em nossas informações de referência e determinar o alcance da atividade. No caso do Suriname, em março deste ano iniciamos um diálogo com a TAS, o regulador das telecomunicações, que supervisiona os novos entrantes para o mercado da Internet. Fomos capazes de localizar rapidamente as nossas ideias para o Suriname e definir melhor as nossas perspectivas de colaboração. A equipe específica de LACNIC e colaboradores de outras organizações da Internet que participaram do evento foram confirmados com base nessas conversas iniciais. Coincidentemente um dos nossos contatos na TAS era também membro da Associação das TIC do Suriname, portanto todas nossas organizações puderam achar um espaço para atingir os objetivos comuns.

LACNIC Caribbean on the move – O evento

Graças aos serviços da TAS, LACNIC Caribbean on the move ficou organizado como um track sobre questões relacionadas com a Internet dentro da Cúpula das TIC do Paramaribo 2015. O evento foi aberto tanto aos delegados que pagaram a sua inscrição quanto a um amplo leque de partes interessadas, como formuladores de políticas, reguladores, professores e estudantes de tecnologia, profissionais da indústria das TIC e especialistas em redes.

Durante dois dias, em uma das três salas de reuniões foram realizados seminários e oficinas sobre os assuntos mais relevantes, incluídos os últimos avanços na governança global da Internet, discussões ao vivo das políticas no coração da comunidade de LACNIC, roteamento e gestão sob o IPv6, e segurança da Internet. Conjuntamente com Shernon Osepa, um grande colega que hoje atua na Internet Society (ISOC), analisamos, através de sua participação à distância, o ecossistema da Internet em geral antes de nos concentrar em cada uma das partes que o compõem. Inclusive mantivemos uma presença na área de exposição, onde compartilhamos um estande com a TAS e colocamos à disposição dos delegados uma ampla gama de materiais informativos e presentes.

A área de exposição também permitiu uma série de oportunidades para fazer entrevistas com outros palestrantes, com os organizadores do evento e com diferentes meios de comunicação.

O número de participantes foi variado, sendo as sessões da tarde as menos concorridas. De fato, uma observação em relação aos debates que surgem no Caribe sobre as TIC e a Internet é que eles tendem a se concentrar nos detalhes da infraestrutura, uma coisa que nós assumimos é proporcional ao desenvolvimento da Sociedade da Informação nas comunidades do Caribe. Pode ser que os recursos de numeração e as discussões sobre eles não sejam o principal assunto de interesse para a variada seleção de atores presentes nas conferências realizadas no Caribe, de qualquer jeito, é considerada de grande importância. Ainda assim, uma constante fundamental de cada sessão foi a qualidade e profundidade das interações com os participantes. Em grande medida, essas interações foram focadas no desejo de adquirir conhecimentos técnicos, principalmente com relação ao RPKI e DNSSEC, resolver os problemas operacionais que enfrentam os administradores de rede, e aumentar o reconhecimento do paradigma de coordenação técnica da Internet por parte dos formuladores de políticas, os advogados e os estudantes presentes na sala. Como esperado, a equipe de LACNIC pôde compartilhar informações para abordar cada um dos casos levantados, ao mesmo tempo em que teve a oportunidade de aprender sobre o ecossistema da Internet no Suriname e alguns dos problemas que afetam os pequenos e micro atores com relação aos recursos de numeração.

E agora, para onde estamos indo?

Do Suriname nos levamos mais trabalho (um pedido de recursos de numeração iniciado ali mesmo, no último dia do evento), mais contatos, mais conhecimento e uma sensação geral de ter efetivamente conectado com uma comunidade da Internet do Caribe e que com certeza novas atividades serão organizadas. Compartilhamos informações acerca de futuros eventos e, inclusive, alguns contatos apresentaram algumas propostas de projetos da Internet. Neste momento resulta difícil dizer qual das propostas irá finalmente a ser levada a cabo, mas a verdade é que nos temos apresentado como um ponto de referência desde a comunidade técnica para ajudar a uma comunidade nacional em seu desenvolvimento da Internet. Por si só, o LACNIC não poderia ter feito esta tarefa, pelo que LACNIC agradece profundamente ao Diretor e pessoal da TAS e a Shernon Osepa da ISOC por fazer de LACNIC Caribbean on the moveSurinam um sucesso. Já estamos fazendo planos para futuras edições de LACNIC Caribbean on the move, que anunciaremos a seu devido tempo.

Se você quiser informações específicas sobre o evento do Suriname, acesse o site de LACNIC Caribbean on the move no seguinte link: http://www.lacnic.net/en/web/eventos/onthemove. Se você trabalha para uma organização com sede no Caribe e está interessado em que o evento seja organizado no seu país, entre em contato conosco através do e-mail onthemove@lacnic.net.


[1] Fonte: ITU (2013) Percentagem de pessoas  que usam a Internet. As estatísticas completas estão disponíveis no http://goo.gl/kCRClt

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