Bernadette Lewis “A neutralidade da rede será uma questão crítica”

31/07/2017

O nome de Bernadette Lewis é sinônimo de esforço e dedicação pelo desenvolvimento da Internet nos países do Caribe. Sua pregação e trabalho têm levado ela a obter distinções de destaque na região e no mundo, tornando-se uma das mulheres líderes no mundo das Tecnologias da Informação na América Latina e o Caribe.

Apaixonada para que todos os cidadãos da região tenham um acesso acessível e possam se beneficiar do uso eficaz das TIC, Lewis diz que para tornar isso uma realidade é necessária “uma governança forte da Internet no Caribe”.

Como promotora e defensora do desenvolvimento do Caribe mediante o uso das TIC, valoriza o papel de LACNIC que além da administração dos recursos de numeração apoia iniciativas que tentam ver como a Internet pode ser utilizada de forma eficaz para melhorar todos os aspectos da vida dos 12 países do Caribe.

Há 15 anos, qual era a sua relação com o mundo das TIC?

Minha experiência como Gerente Técnica de CANTO me permitiu compreender o enorme impacto das TIC, como essas tecnologias foram apagando as fronteiras geográficas, comprimindo o tempo, revolucionando a forma como muitos de nós vivemos e encorajando novas formas de colaboração. Eu percebi o potencial que tinham as TIC para promover novos tipos de desenvolvimento, mas também compreendi que aproveitar o potencial das TIC requeria inovação e reengenharia de processos.

Tinha certeza de que para aproveitar as TIC, poderia ser necessário o afastamento dos caminhos percorridos. Eu sabia também que alguns modelos úteis no passado iam ser descartados porque agora seriam anacrônicos de acordo às capacidades das TIC do século XXI.

Quando e como começou a sua relação com LACNIC?

Eu conheci o Diretor Executivo de LACNIC anterior, Raúl Echeberría, na 27ª Reunião da Cooperação para a Designação de Números e Nomes na Internet que foi realizada em São Paulo (Brasil) em dezembro de 2006. Reconhecendo os benefícios mútuos que poderiam resultar da colaboração entre as nossas respectivas organizações, acordamos trabalhar juntos nas questões da Internet na região. Em 16 de agosto de 2007, a CTU e LACNIC, em parceria com ARIN (American Registry for Internet Numbers), assinaram uma Declaração de Cooperação. A partir daquele momento, a CTU tem colaborado e continua colaborando com LACNIC em vários assuntos importantes.

Ao longo dos anos, LACNIC vem participando de muitos dos Fóruns de Governança da Internet no Caribe, ICT Roadshows e Seminários Ministeriais da CTU. Por sua vez, a CTU participou de muitas atividades de LACNIC. Em 2011, LACNIC e a CTU colaboraram para convocar uma Convenção da América Latina e o Caribe sobre Governança da Internet em Porto Espanha (Trinidad e Tobago), que incluiu o VII Fórum de Governança da Internet do Caribe e a 4ª Reunião Preparatória para o Fórum Global de Governança da Internet.

Que papéis você exerceu na comunidade de LACNIC? Satisfizeram as suas expectativas?

Como muitos dos meus colegas da CTU, eu apresentei e participei ativamente nos eventos de LACNIC. Nossas expectativas sempre foram preenchidas e estamos muito contentes de estarmos associados com uma organização regional tão dinâmica e com tanta visão de futuro.

Que papel a comunidade de LACNIC tem desempenhado na administração dos recursos de numeração nos últimos 15 anos?

LACNIC tem servido fielmente a 12 países do Caribe em termos do fornecimento de recursos de numeração. Também procurou ministrar capacitação e outros serviços de fortalecimento de capacidades para o Caribe em geral.

Que aspectos identificam à comunidade de LACNIC?

A vontade de colaboração dos diretores de LACNIC é uma marca distintiva de suas operações. Estamos bem impressionados com a amplitude da visão técnica da comunidade e com o fato de que seus membros partilhem sua experiência com tanta boa vontade.

Como imagina você a governança da Internet daqui a 15 anos?

Vivemos uma época emocionante e a evolução da Internet precipitou enormes mudanças nas nossas vidas. A Internet das Coisas vai nos obrigar a aprofundar em questões que hoje são um desafio, por exemplo, a privacidade, a segurança, a desigualdade e como deve ser governada a Internet. O debate atual sobre a neutralidade da rede será uma questão crítica.   Acredito que os governos vão ter um papel mais significativo na evolução da Internet e seus recursos. No entanto, também acredito que devemos colaborar para achar soluções que permitam, nesta era tecnológica, manter a nossa humanidade, sobreviver como raça e estar em paz com os nossos semelhantes.

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